ILPF: Estratégia produtiva para todos os perfis de propriedade rural
A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia versátil e eficiente, que pode ser adotada em propriedades de diferentes tamanhos e perfis, desde que respeitadas as condições mínimas de solo, clima e relevo.
Mas antes de iniciar um projeto de ILPF, é fundamental que o produtor rural avalie alguns fatores-chave para garantir o sucesso da implantação:
Planejamento é essencial
A escolha do tipo de ILPF, o modelo de rotação das culturas, o espaçamento entre árvores e as espécies utilizadas devem ser definidos com base em uma análise cuidadosa do contexto da propriedade e das demandas de mercado.
Cada detalhe conta — e por isso, contar com o apoio de um técnico capacitado faz toda a diferença.
Quem pode ajudar?
Profissionais de assistência técnica e extensão rural (ATER), especialmente os das empresas estaduais, são referências confiáveis. Além disso, há consultores que passaram por programas de capacitação promovidos pela Embrapa e pela Rede ILPF, e estão preparados para apoiar produtores com segurança e eficiência.
Caso queira uma indicação, entre em contato com a Unidade da Embrapa mais próxima e solicite o nome de um técnico habilitado em ILPF.

O governo federal dispõe de linhas de crédito que podem ser utilizadas em projetos de integração lavoura-pecuária-floresta. Conheça alguns deles:
Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
O Pronaf é uma política pública do Governo Federal voltada ao fomento da agricultura familiar, oferecendo linhas de crédito com juros reduzidos e condições especiais de pagamento. Os recursos podem ser usados para financiar atividades agropecuárias, aquisição de insumos, infraestrutura, serviços de assistência técnica, entre outras finalidades.
Para acessar o Pronaf, é necessário que o produtor obtenha a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) ou o CAF (Cadastro da Agricultura Familiar), documento que comprova o enquadramento como agricultor familiar.
Dentro do Pronaf, destacam-se linhas específicas que podem ser utilizadas para adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), tais como:
RenovaAgro – Agricultura de Baixa Emissão de Carbono
O Programa ABC+ (2020–2030) é a política pública brasileira para promover a agricultura sustentável com baixa emissão de gases de efeito estufa. Ele é a continuidade do Programa ABC (2010–2020), ampliando as metas e a integração com os compromissos climáticos do Brasil (NDCs).
Coordenado pelo Ministério da Agricultura, o ABC+ apoia a adoção de tecnologias sustentáveis, como:
O programa orienta planos estaduais de ação climática no campo (os Planos Estaduais ABC+) e promove linhas de crédito específicas como:
Além do crédito, o ABC+ também articula ações de capacitação, assistência técnica, certificação e monitoramento de impactos, sendo um dos pilares para a implementação dos projetos da Rede ILPF em diversos estados.
Fundo Clima (BNDES)
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) é um instrumento do Governo Federal voltado ao financiamento de projetos que contribuem para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O BNDES opera linhas de crédito específicas do Fundo Clima, com foco em:
A linha pode ser usada por produtores, cooperativas e empresas rurais e se alinha diretamente às ações da Rede ILPF e seus projetos de carbono e certificação.
Referência principal:
Plano Nacional de Bioeconomia (em elaboração)
Previsto para ser lançado até o final de 2025, o Plano Nacional de Bioeconomia reunirá políticas e instrumentos para fomentar cadeias produtivas sustentáveis baseadas em recursos biológicos, como:
Embora ainda em construção, o plano já é pauta nos editais do MCTI, MAPA e BNDES. A ILPF está entre as estratégias reconhecidas como de bioeconomia regenerativa.
Referências:
Crédito Verde Rural (BACEN)
Em articulação com o Plano ABC+, o Banco Central do Brasil está estruturando o Crédito Rural com Selo Verde, que oferecerá taxas diferenciadas para produtores que adotarem práticas sustentáveis, com base em critérios técnicos, como:
Redução de emissões de GEE
Uso eficiente de insumos
Monitoramento com indicadores reconhecidos (como os da Rede ILPF)
O lançamento oficial é previsto para até 2026, mas muitos bancos já estão se preparando para incluir critérios ESG nas operações de crédito rural.
Referências:
BACEN – Iniciativa de Taxonomia Sustentável (parte do Selo Verde): https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/taxonomiasustentavel
RenovaBio e Selo Biocombustível Social
Para produtores que atuam com culturas energéticas (como soja, milho ou macaúba), os programas de biocombustíveis também são relevantes. O RenovaBio, por exemplo, estimula boas práticas agrícolas por meio da emissão de CBIOs (créditos de descarbonização) para produtores que comprovam baixa emissão de carbono.
A Rede ILPF pode apoiar projetos que visam a certificação de propriedades com base nesses critérios, conectando ILPF com cadeias produtivas sustentáveis e mercados verdes.
Referências:
Política Nacional de Biocombustíveis (Lei nº 13.576/2017)
https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/renovabio
Plataforma oficial: https://renovabio.gov.br
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/agricultura-familiar/selo-biocombustivel-social